4/30/2013

FEIRA PAN-AMAZÔNICA DO LIVRO │ NEY FERRAZ PAIVA







CONVERSAÇÃO COM O POETA NEY FERRAZ PAIVA
FEIRA PAN-AMAZÔNICA DO LIVRO │ 2013
Hoje (dia 30 de abril), às 17h30, sala Dalcídio Jurandir 









poemas do livro
eu queria estar com vocês hoje







isto não é um necrológio

vanglorio-me dos erros
doenças escárnios
a história de meus desastres
valeria mais do que a história
 do país da cidade?
o pequeno lugar me excede
não sou aquele que sou
um bêbado protagoniza
imagens que de mim não existem
tudo já foi vivido fotografado exaurido
a um passo de desistir
eu – não a outra
não a que soa
palavra maligna
olvidada lei da escrita
simula o mesmo que sou –
símel de judas




٭




afecções da boca

posso te mandar um livro?
sem resposta mandei
quatro histórias ao modo quase clássico
de Harold Brodkey lembras?
queria te acertar em cheio
pensava é cruel que ela exista
e não seja minha
esguia molde tulipa meia estatura
tua beleza me deteriorava
governava o mundo
sem que pudesse me esquivar
qualquer livro é bem menos que teu tipo
não vale o esforço de dias sem dormir
dá-se o trabalho de lavar palavras
num canto amargo da boca
ardilosa cova
o mar se esconde aí
máxima invisibilidade
segredo que depende de tanta coisa



٭



na longa fila de autógrafos

comprei um livro semissurdo de poemas
sob a pele ele me gritou página-a-página
mas nada de poesia     ele me disse
não houve entre nós cumplicidade
tudo que pretendia era “gritar um pouco” mais & mais
ao modo de um Bukowski sem nenhuma gota de álcool
tentando se safar duma crise hemorrágica
ou se desemaranhar de um casulo ou caixa
surdez do livro: tentar recuperar o fôlego
na pele de um animal de memória gasta
que nada escuta mas a tudo dá ouvidos


  

٭





aulas de equitação com sylvia plath


você esperava vida longa em Devon
apaziguava    crianças abelhas livros
datilografava           enviava poemas
não precisava de rimas mas de selos
atravessar a cavalo paisagens recém-
 brotadas em Londres
sair da estrada ter que morrer uma vez em cada década
em disparada oh Atena as retorcidas rédeas da urgência
defensora      protetora     como foi a Ulisses
cavalgar oh deusa cavalgar de uma maneira
que transgrida estilos        moldes inertes
palavras colocadas de saída já no desvio

a morte    agora    ficou pra trás
entranhada numa    vegetação enganosa
livros não dizem nem cartomantes gregas
Agamêmnon ou Ésquilo  não deram prova
sinal realmente claro  –  pistas ou rasuras
lacrado em sigilo todo destino
o tempo rigorosíssimo omitiu
chegar   onde   quer que seja
preparar-se      pros enganos
areia    transe    rastro   exílio 






4/28/2013

IMAGINAR O INIMAGINÁVEL │GEORGES DIDI-HUBERMAN











Por Guilherme Freitas
globo.com│blogs│prosa


Em agosto de 1944, um grupo de prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polônia ocupada pelos nazistas, elaborou um plano desesperado para tentar fazer chegar ao mundo em guerra notícias do horror que viviam. Eles eram membros do Sonderkommando, o “comando especial” formado por judeus forçados a trabalhar nas câmaras de gás. Com apoio da Resistência polonesa, contrabandearam uma máquina fotográfica, e um prisioneiro anônimo conseguiu fazer quatro imagens, despachadas para fora do campo em um negativo escondido em um tubo de pasta de dente.

Mesmo desfocadas e tomadas por grandes áreas de sombra (pois o prisioneiro precisou se esconder nas câmaras de gás para fotografar sem ser visto), essas imagens são o registro visual mais explícito que se conhece do inferno dos campos. Em duas delas, é possível ver homens caminhando entre pilhas de corpos incinerados ao ar livre. Em outra, um grupo de mulheres nuas é conduzido para o crematório. A quarta é pouco mais que um borrão.

O filósofo e historiador da arte francês Georges Didi-Huberman tem se dedicado a analisar essas fotos e, mais que isso, a debater a maneira como historiadores, instituições (e o público em geral) lidam com as imagens e as memórias do Holocausto. Esse é o tema de dois de seus ensaios mais importantes, recém-publicados em português: “Imagens apesar de tudo”, de 2004, em edição do Projeto Ymago (www.proymago.pt), e “Cascas”, de 2011, incluído no novo número da revista “serrote”.

IMAGINAR O INIMAGINÁVEL

Professor da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais (EHESS), em Paris, Didi-Huberman reúne em “Imagens apesar de tudo” dois textos. O primeiro é um estudo das quatro fotografias, no contexto do debate sobre o caráter “irrepresentável” do Holocausto. Se o projeto nazista era não deixar rastros do extermínio em massa para torná-lo “inimaginável”, argumenta o filósofo, então as fotos dos prisioneiros “dirigiam-se ao inimaginável, e refutam-no da maneira mais dilacerante possível”.


O segundo texto é uma resposta à polêmica criada pelo primeiro. O autor foi criticado duramente por pesquisadores como Claude Lanzmann, diretor do documentário “Shoah” e defensor da tese de que não há representação do Holocausto em imagens (em seu filme de nove horas, um marco do cinema e da historiografia, Lanzmann usa apenas testemunhos).

O pensamento, a escrita e a arte devem resistir ao sentimento de impossibilidade. Quando algo se apresenta como impensável, é aí que deve trabalhar o pensamento 

diz Didi-Huberman, em entrevista por telefone, de Paris.

 — Podemos até partir do princípio de que não há representação perfeita de um evento extremo como a Shoah. Mas se ficamos nessa posição tudo está perdido, porque nos submetemos ao inimaginável e fazemos dele algo sagrado. Prefiro dizer que podemos tentar imaginar, apesar de tudo.

Essa tese encontra eco em “Cascas”, no qual Didi-Huberman narra uma visita, em junho de 2011, ao Museu de Auschwitz-Birkenau, criado em 1947 na área dos antigos campos. Descendente de vítimas do Holocausto (no qual morreram 800 pessoas com o sobrenome Huberman, entre eles seus avós), o filósofo, ao se ver diante do local onde era feita a triagem dos recém-chegados, diz para si mesmo: “Isto é inimaginável”. Mas acrescenta: “logo devo imaginá-lo apesar de tudo”.

“Cascas” é construído como uma série de comentários sobre fotos que Didi-Huberman fez durante a visita. Registrou planos abertos dos galpões, estradas e da vegetação do campo, e captou detalhes reveladores. As cascas que arranca de uma árvore em Birkenau funcionam como metáfora para a relação entre as imagens e a realidade: “A casca não é menos verdadeira que o tronco. É inclusive pela casca que a árvore, se me atrevo a dizer, se exprime”. 

A certa altura, espanta-se ao ver três das fotografias do prisioneiro anônimo reproduzidas em totens enormes, em versões modificadas. As sombras foram eliminadas, tornando o enquadramento mais regular, e até os corpos das mulheres foram retocados. A quarta, o borrão, sequer foi incluída no memorial.

Costumamos pensar que as imagens devem mostrar algo reconhecível, mas elas são mais do que isso. São gestos, atos de fala. As sombras e a falta de foco dessas fotos mostram a urgência e o perigo com que foram feitas. Eliminar isso com o pretexto de que prejudicam a visibilidade é errado. Essas fotos são testemunhos, e é desonesto cortar a fala de uma testemunha. Temos que escutar também seus silêncios.


Esse é apenas um dos problemas apontados por Didi-Huberman em uma instituição que tenta transformar um “lugar de barbárie” em “lugar de cultura”. Antigos galpões de Auschwitz foram transformados em “pavilhões nacionais”. Outro virou estande comercial, onde se encontra à venda um gibi sobre a paixão de uma prisioneira por um guarda do campo.

A questão toda está em saber de que gênero de cultura esse lugar de barbárie tornou-se o espaço público exemplar

Escreve.

Usar simplificações e mentiras para transmitir a verdade é um contrassenso

Diz o filósofo, que, porém, elogia o fato de Birkenau ter sido transformado não em um museu, como Auschwitz, mas em sítio arqueológico.
Arqueologia das imagens

Didi-Huberman deixa clara a preferência pelo que chama de “olhar arqueológico” sobre as imagens e o mundo. Método inspirado no filósofo Walter Benjamin e no historiador da arte Aby Warburg (1866-1929), sobre quem organizou em 2011 a exposição “Atlas”, base da mostra que traz o francês ao Rio em maio, e do livro “Atlas ou a gaia ciência inquieta”, que sairá em breve em português pelo Projeto Ymago. Didi-Huberman aponta Warburg como um dos fundadores de uma “arqueologia das imagens”.

Warburg via as imagens como objetos arqueológicos. Em cada imagem que olhamos e relacionamos com outras imagens e textos, podemos descobrir pontos de convergência de múltiplas temporalidades diferentes.

O filósofo define o “olhar arqueológico” como a capacidade de “comparar o que vemos no presente, o que sobreviveu, com o que sabemos ter desaparecido”. Só assim, diz, o visitante atual de Auschwitz entende que não caminha apenas em um museu, e sim “no maior cemitério do mundo”.

Analisar imagens antigas é como andar por uma ruína. Quase tudo está destruído, mas resta algo. O importante é como nosso olhar põe esse algo em movimento. Quem não sabe olhar atravessa a ruína sem entender.




GEORGES DIDI-HUBERMAN │ conferências e exposição no Rio - em maio / 2013




Em maio,2013, Didi-Huberman virá ao Brasil (RJ) para abrir a exposição fotográfica “Atlas, suíte”, no Museu de Arte do Rio (MAR)







Em 2011, Georges Didi-Huberman organizou para o Museu Reina Sofía, de Madri, a exposição “Atlas: como carregar o mundo nas costas?”, inspirada em um projeto ambicioso e inacabado do historiador alemão Aby Warburg, o “Atlas Mnemosyne”, que explorava relações entre imagens e obras de arte de diversas épocas.

A mostra seguia um conceito de “montagem”, presente na obra de ambos, que o francês define como uma “confrontação” de imagens, e defendia o formato do atlas como campo de produção de conhecimento.

Em maio, Didi-Huberman virá ao Rio para abrir a exposição fotográfica “Atlas, suíte”, no Museu de Arte do Rio (MAR), com material diferente da de Madri. O filósofo fará duas conferências, dias 25 (sábado) e 27 (segunda-feira), sobre obras do francês André Malraux e do italiano Pier Paolo Pasolini.

As conferências são parte de um simpósio, cuja programação completa será anunciada em 6 de maio. A exposição ficará em cartaz de 28 de maio a 7 de julho, no quarto andar do prédio da Escola do Olhar do MAR.


LINK para baixar o texto completo (em espanhol) de Didi-Huberman







4/22/2013

CIDADANIA + LEI + CASTIGO │ Acácio Augusto








POLÍTICA E POLÍCIA: CUIDADOS, CONTROLES E PENALIZAÇÕES DE JOVENS 
Acácio Augusto │ Editora Lamparina (2013)


Acomodação. Conformismo. Moderação. Esse é o alerta de Acácio Augusto sobre a onda conservadora que nos envolve cada vez mais. Cercados por sedutoras e sutis armadilhas, caminhamos pelas ruas governadas pelo medo e pedimos mais leis e mais segurança, tornamo-nos policiais de nós mesmos. E acreditamos que isso é cidadania.

Com Foucault como principal interlocutor, Acácio questiona essa cidadania que se assemelha às condutas policiais; como isso se implantou em nós, em nossas relações; como nos acostumamos com a prisão a céu aberto e pedimos mais controle. Analisando o projeto Pró-Menino, da Fundação Telefônica, ele discorre sobre as práticas de controle a céu aberto de jovens considerados infratores pela perspectiva das insurgências, jovens “educados” pela prática do castigo e pelo exercício centralizado da autoridade, e mostra a passagem das ruas sem governo para o governo das ruas, exercido pelos próprios jovens que são alvos das políticas contemporâneas de assistência e penalização.




PARA MAIS INFORMAÇÕES: https://www.facebook.com/EditoraLamparina?ref=hl






ACÁCIO AUGUSTO





Graduou-se em Ciências Sociais na PUC-SP em 2006, quando concluiu a pesquisa de Iniciação Científica, com bolsa CNPq, Cruz negra Anarquista (CNA). Embates com o sistema penal: controle e experimentações de liberdades, premiada como melhor trabalho de iniciação científica no Departamento de Política da Faculdade de Ciências Sociais da PUC-SP. Em 2009 apresentou a dissertação de mestrado Política e polícia. Medidas de contenção de liberdade: modulações de encarceramento contra os jovens na sociedade de controle, que situa a expansão da polícia como instituição repressiva e exercício da vida-cidadã. É doutorando em Ciências Sociais na mesma instituição. Foi professor substituto no Departamento de Política da PUC-SP e é professor de Ciência Política e Sociologia no curso de Relações Internacionais da Faculdade Santa Marcelina. Escreve aulas-teatro e realiza anti-antiprogramas libertários (exibidos na TV-PUC/CNU e na TV Nu-Sol). Publicou em 2008, Anarquismos e educação em co-autoria com Edson Passetti, pela Editora Autêntica.

4/17/2013

PUNIR JOVENS, PUNIR JOVENS MAIS CEDO: O PLEONASMO DO MESMO │Nu-Sol










hypomnemata 155
Boletim eletrônico mensal do 
Nu-Sol - Núcleo de Sociabilidade Libertária
do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP
Abril de 2013




MORTE, PUNIÇÃO E UMA QUESTÃO URGENTE


A prisão está cercada. Por juízes, promotores, diretores e o Primeiro Comando da Capital.

Nela não se entra mais facilmente em nome do interesse público em fiscalizar, retratar, analisar. Nem mesmo como matéria jornalística.
O governo da prisão está recomposto segundo os negócios estabelecidos e confirmados entre os que mandam e os que estão ali confinados.
A sociedade civil organizada concorda com a nova gestão fechada da prisão, pois esta é imprescindível para quem não tem mais jeito e pouco se importa com a sobrevivência lá dentro.
A sociedade civil organizada quer esquecer os prisioneiros e não se envolve, propositalmente, com os novos vínculos da prisão com o exterior. Ela não suporta mais rebeliões.
Todavia, a prisão não é mais só um covil de desajustados. Tornou-se espaço para novos negócios lucrativos, novas formas de exploração e sujeições.
Para tal, conta com a obsessão de cada um por mais e mais punições.
Quando as lutas por direitos negligenciam a prisão, cresce a economia e cultura da punição.


A HABITAÇÃO CERCADA

Casas, edifícios, ruas sem saída hoje em dia estão cercados de muros e grades altas adornadas por concertinas e câmeras de monitoramentos.
Trata-se da materialidade da segurança particular e pública, que tornam indispensáveis polícias de vigilâncias, empresas de seguros, rastreamentos de movimentos irregulares em seus interiores.
Acopla-se a este arsenal a sedimentada subjetividade policialesca e penalizadora que governa crianças e jovens desde bem pequeninos.
A renovação da família, com pletora de direitos, consolidou a cultura do castigo como princípio e meta.
Diante das teses que, no passado, situavam a pobreza relacionada com as infrações, tomou dianteira a tese neoliberal do infrator como portador de desvio moral incorrigível.
Desde então, ouve-se aqui e ali, que a pobreza não é condição da violência, mas sim do déficit moral de cada pobre.
Não há só prisões, mas casas-prisões, subjetividades-prisões, variadas penalizações.
A prisão e o castigo ajustam-se ao escopo da verdadeira educação democrática.


MATAR E MORRER

Um jovem de 17 anos procedente de família pobre, com formação religiosa, emprego sazonal, escolaridade regular e seletivamente capturado pelas instituições penalizadoras está registrado com passagens pela Fundação Casa.
Ele aborda um jovem universitário de 19 anos, apontando-lhe uma arma, na porta de um edifício-prisão, e o intima a entregar o celular.
O jovem acossado, monitorado pelo sistema de segurança e diante das grades altas que protegem o edifício, entrega o celular.
Em seguida é alvejado pelo outro e morre.
A estúpida cena é veiculada pela mídia televisiva.
De imediato os pais, os colegas universitários em passeata e demais cidadãos ajuizados clamam pela redução imediata da idade penal.
O governador de São Paulo a endossa.
Entretanto, em breve tempo, desvenda-se um mistério: o jovem que acionou o revólver o fez quando o assaltado pronunciou algo como “eu sou polícia”!
O que era visto como falta de juízo até aquele momento passou ao entendimento: diante da polícia, o acionar do gatilho pelo jovem assaltante esclarece que não houve nada de surpreendente além de sórdida rotina.
Os dois jovens foram alvejados pelas misérias de suas sobrevivências.


MATAR E JULGAR

Um jovem estava investido de convicção policial. O outro, convencido pela infração.
Quem estiver armado atira e mata.
Não há policiamento, equipamentos de segurança ou educação democrática que contenha o desesperado desejo pelo consumo.
Os jovens das classes superiores não matam por provisórios celulares. Matam pela propriedade.
Uns e outros querem mais e mais bens, com ou sem juízo, com ou sem a perda momentânea do juízo.
A propriedade é um roubo ardiloso praticado pelo mais forte com a finalidade de perpetuar os demais em condições de miséria e pobreza.
Em ocasiões problemáticas, os que clamam por justiça querem simplesmente a morte do outro, a justiça de talião escorada na impessoalidade da lei.
Exigir redução da idade penal, então, não passa de dissimulação. Ela expressa a verdade da propriedade, da lei, da justiça e dos juízos.
O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Fundação Casa reiteram a seletividade do sistema penal.
O desejo de morte do outro pela população moralmente sã renova sua conformada e abjeta vida encarcerada. 


MATAR E PRENDER

A prisão e a casa formam um duplo semelhante.
Muros altos, monitoramentos e agendas de seguros devem garantir que as vidas dos que as habitam sejam governadas como bons negócios, discretos conflitos, e com amor pela moradia.
Desde que nada interfira em lucros, que os ilegalismos permaneçam e que a permissividade seja passível de bom governo.
Matar e prender são efeitos deste racismo social que não prescinde do racismo biológico.
O astuto cordato de ocasião apenas pronuncia o desejo de escalar quem deve morrer.
Os miseráveis que preferem furtar e inevitavelmente matar qualquer um diante das circunstâncias não são apenas os infames que, com suas condutas, alimentam a continuidade de ricos proprietários.
Eles não pensam em acabar com a propriedade, nem com sua condição de pobre desprezível.
A seu modo expressam a vitória dos proprietários, de seus governos, de sua seletiva justiça, de sua polícia que emprega e arma outros miseráveis como eles para manter a moral do bem e que para assegurar esta decadente sociedade permite matar.


PUNIR JOVENS, PUNIR JOVENS MAIS CEDO: O PLEONASMO DO MESMO

Punir mais cedo é o ideal da política de prevenção ao crime.
Mas este não é o velho argumento da falácia da prevenção geral exercitado desde o século XVIII?
E este já não foi, também, o argumento que ensejou a lei de crimes hediondos no país há poucos anos?
E crime hediondo é o que?
Crime + hediondo = crime criminoso.
Será que não faremos senão confirmar pelas tautologias e pleonasmos o que na vida não existe?
E a natureza ontológica do crime? Não e-xis-te.
Isto que chamam de crime e direito universal é uma construção política recente, uma verdade que reafirma o interesse dos poderosos.


DIANTE DO MESMO, UMA QUESTÃO URGENTE!

Será que somos incapazes de lidar com cada situação-problema sem esvaziá-la, para preenchê-la pela velha ideia do castigo que se naturalizou pelo costume em cada um?
Quem está disponível a enfrentar a sanha que atravessa sua voluntária mortificação?
Que tal experimentar o inédito?
Não aprisionar mais jovem algum?
Esta sim é uma questão urgente para quem está interessado em afirmar liberdades que não se apartam do curso livre da vida.
O resto é a carcomida encenação do juízo, dos códigos e suas reformas, dos negócios políticos rentáveis na continuidade dos aprisionamentos dentro e fora de cárceres em espaços variados, que sempre se iniciam pelos corpos de crianças e jovens.




toda 3ª feira flecheira libertária em















4/03/2013

Cenas Colóquio Blanchot / primeiro dia




Cenas do primeiro dia - 28 / 03 / 2013 - do
Colóquio Blanchot: Literatura, Amizade - Uma Vida
Realizado em Belém - de 27 a 30 de Março / 2013 -
no Instituto de Artes do Pará  (IAP)




Conferência Daniel Lins


Publico do Colóquio Blanchot


Conferência Eduardo Pellejero 





Eduardo Pellejero (no publico - logo em frente) João Camillo e Cecilia Cavaliere)



Daniel Lins