7/30/2012

Max Martins: considerações em torno do espólio


 
A ideia de abrir um diálogo em torno do espólio do poeta Max Martins surge concomitante à necessidade de se falar sobre as maneiras de catalogação desse acervo, compreendendo tanto a relevância desse saber (a poesia de Max Martins) para a cultura da cidade, quanto as possibilidades dessa poesia para a constituição de um experiência em torno de uma escrita; da trajetória de uma vida intelectual; e do que pode essa poesia (no sentido de uma trocade saber) em relação às gerações que a sucedem.

Dialogar sobre o processo de efetuação do espólio de Max Martins significa engendrar um diálogo aberto, entre as partes interessadas, e na direção de uma forma possível de funcionamento desse acervo, dada a importância de torná-lo público.

Nessa direção, veio a iniciativa de uma petição pública, com duas preposições básicas:

: Tornar público o acervo: urgência no trabalho de catalogação do acervo;
(num modo de homenagem) Incorporar o nome do poeta Max Martins à Casa da Linguagem.

Duas linhas que se atravessam por seu caráter translúcido. Significa, então, que o público tenha acesso ao acervo deixado pelo poeta, ou de outro modo, que os responsáveis (legais) pelo espólio o tornem público. E no outro ponto, como homenagem, incorporar o nome Max Martins à Fundação Casa da Linguagem ou que a Casa da Linguagem adote (num processo dialógico) em sua designação o nome Max Martins.

A petição de maneira alguma reivindica que o espólio de Max Martins seja extraído da instituição federal (proprietária) e transferido para esfera estadual. Esse ponto nunca esteve em questão.
Ψ
A importância da organização do Acervo de Max Martins – da sua disponibilização ao público – é um passo significativo para memória de uma geração, Max Martins- Plínio Abreu – Benedito Nunes –Cauby Cruz – Mario Faustino, de um pensamento que não teve outra razão de existir além de se expor inteiramente à aventura literária, fazendo da experiência com a escrita um acontecimento que resiste.



*

Max Martins (Belém, 1926 - 2009), poeta, autor de vários livros, dono de uma poesia singular. Seu espólio foi comprado pela Universidade Federal do Pará – alojado no Museu da Universidade.

Nilson Oliveira é editor da revista Polichinello
















7/25/2012

Ideia do Silêncio | Giorgio Agamben



[Foto: Giorgio Agamben no filme “Evangelho Segundo São Mateus” de Pier Paolo Pasolini ]


Numa recolha de fábulas dos fins da Antiguidade lê-se este apólogo:" Os Atenienses tinham por hábito chicotear a rigor todo o candidato a filósofo, e , se ele suportasse pacientemente a flagelação, poderia então ser considerado filósofo. Um dia, um dos que se tinham submetido a esta prova exclamou, depois de ter suportado os golpes em silêncio:
« Agora já sou digno de ser considerado filósofo! » Mas responderam-lhe, e com razão:«Tê-lo-ias sido, se tivesses ficado calado» . "

A fábula ensina-nos que a filosofia tem certamente a ver com a experiência do silêncio, mas que o assumir dessa experiência não constitui de modo nenhum a identidade da filosofia. Esta está exposta no silêncio, absolutamente sem identidade, suporta o sem-nome sem encontrar nisto um nome para si própria. O silêncio não é a sua palavra secreta- pelo contrário, a sua palavra cala perfeitamente o próprio silêncio.

Giorgio Agamben | Ideia da Prosa (Trad. João Barrento) Cotovia, 1999




7/23/2012

Os seis minutos mais belos da história do cinema





Sancho Pança entra num cinema de uma cidade do interior. Está procurando Dom Quixote e o encontra sentado isolado, fixando o telão. A sala está quase cheia, a galeria — que é uma espécie de “galinheiro” — está inteiramente ocupada por crianças barulhentas. Após algumas tentativas de chegar a D. Quixote, Sancho senta-se de má vontade na platéia, ao lado de uma menina (Dulcinéia?), que lhe oferece um lambe-lambe. A projeção começou, é um filme de época; sobre o telão correm cavaleiros armados, e num certo momento aparece uma mulher em perigo. De repente, Dom Quixote se ergue de pé, desembainha a espada, se precipita contra o telão e os seus golpes começam a cortar o tecido. No telão aparecem ainda a mulher e os cavaleiros, mas o corte negro aberto pela espada de Dom Quixote se alarga cada vez mais, devorando implacavelmente as imagens. No fim, quase nada sobra do telão, vendo-se apenas a estrutura de madeira que o sustentava. O público indignado abandona a sala, mas no “galinheiro” as crianças não param de encorajar fanaticamente Dom Quixote. Só a menina da plateia o fixa com reprovação.


O que devemos fazer com as nossas imaginações? Amá-las, acreditar nelas, a tal ponto de as devermos destruir, falsificar (este é, talvez, o sentido do cinema de Orson Welles). Mas quando no final se revelam vazias insatisfeitas, quando mostram o nada de que são feitas, só então podemos descontar o preço da sua verdade, compreender que Dulcinéia —que salvamos — não pode nos amar.

Giorgio Agamben | Profanações - Editora Boitempo - 2007, p 81.













MAX MARTINS: petição publica



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Abaixo-assinado Incorporação do nome do poeta Max Martins à Casa da Linguagem e a disponibilização do Acervo do poeta à comunidade










Nós subscrevemos o abaixo-assinado Incorporação do nome do poeta Max Martins à Casa da Linguagem e a disponibilização do Acervo do poeta à comunidade, Para Secretaria de Cultura do Estado do Pará; Fundação Currro Velho; Casa da Linguagem; Museu da Universidade Federal do Pará (UFPA);

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