10/24/2013

Notas (transitando em torno da comunidade)



Nilson Oliveira 


Deveria ter sido o outro (MB), mas e ele quem diz amparado por uma experiência absolutamente distinta na direção (em pensamento e realidade) do cumprimento da exigência comunitária. Bataille nos diz (do fundo mais fundo do esvaziamento do comum):

“O perfeito desregramento (o abandono à ausência de limites) é a regra de uma ausência de comunidade”

E ainda (o passo além):

“não é permitido a quem quer que seja não pertencer à minha ausência de comunidade”
 
 
***


Foto: Pablo Picasso, Diane, Georges Bataille, Michel Leiris (de costas),
ouvindo Manuel Angeles Ortiz  (24/09/1950
 







 

10/23/2013

ser-em-comum | em torno de uma experiência inconfessável


 

COMUNIDADE | AMIZADE


“Blanchot- Nancy - Bataille - Derrida - uma comunidade {para além dos vínculos utilitários individualizantes} na qual o outro ocupar efetivamente o papel de outro”

“Amizade sem divisão e sem reciprocidade, amizade para o que passa sem deixar rastro, resposta da passividade à não-presença do desconhecido”.

 
“A amizade não é um dom nem uma promessa. Relação incomensurável de um para o outro; ela está relacionada com o de fora na sua ruptura e na sua inacessibilidade”.

  


 




 


 
 

 


 













UM PONTO EM-COMUM CINTILANDO FORA DO QUE NOS É DADO COMO POSSÍVEL:: UM PONTO ALI [TALVEZ] NO IM-POSSIVEL

 

entre  N | D

 

“TALVEZ essa comunidade (essa amizade) seja impossível. Exato. TALVEZ o impossível seja a única oportunidade de qualquer novidade, de qualquer filosofia da novidade. TALVEZ, TALVEZ na verdade o TALVEZ nomeie ainda esta oportunidade. TALVEZ a amizade, se ela existe, deva corresponder ao que aqui aparece com o impossível”

Derrida | Politiques de l'amitié

 

***

 

“Qualquer que seja o valor que concedamos ao verdadeiro, à veracidade, ao desinteresse, poderia acontecer que nos víssemos obrigados a atribuir à aparência, à vontade da ilusão, ao egoísmo e à cobiça, um valor superior e mais essencial à vida; poder-se-ia chegar a supor inclusive que as coisas boas têm um valor pela forma insidiosa em que estão emaranhadas e TALVEZ até cheguem a ser idênticas em essência às coisas más que parecem suas contrárias. TALVEZ! ... mas há quem se preocupe com esses perigosos 'TALVEZ'? Esse terá que esperar a chegada de uma nova espécie de filósofos, diferentes em gostos e inclinações (...): filósofos do perigoso 'TALVEZ', em todos os sentidos da palavra”

Nietzsche | Além do bem e do mal

 

 
 
 
 
 



















 

 

10/17/2013

Anti-Retratos │ por Alberto Pucheu


Imagem: Gil Maciel: http://cargocollective.com/gilmaciel#Cartazes
 


*


Anti-Retratos │ por Alberto Pucheu
 

Não autorizo de modo algum que algum usurpador em mim escreva minha autobiografia. Quem quiser que faça minha autobiografia sem autorização prévia. Só não diga depois que é minha. Tudo de que alguém em mim pode se apropriar em mim não me interessa. Só me interessa o que alguém em mim pode escrever para me livrar de mim. E, em defesa de minha privacidade, não abro mais a boca, porque vivo traindo o que nem sei de mim em mim, e tudo que falo de mim me torna, na fala, público, passível de ser uma autobiografia já feita por algum usurpador de mim.
 
 
 ***

 
Biografias de quem? Possuir na escrita a vida de alguém? Quem sente sua vida tomada por uma biografia? Em que medida uma vida é possuída? Que autoria ou autoridade se tem sobre uma vida? Quem é esse - o poeta?

“O poeta é fora de si” – Platão

 “[O poeta] não tem identidade” – Keats

 “Se então [o poeta] não tem um si mesmo, e se eu sou um Poeta, onde estaria a Surpresa se eu dissesse que eu não escreveria mais?” - Keats

 “É algo vergonhoso confessar: é um fato certo que nenhuma palavra que jamais pronunciei pode ser tomada como uma opinião nascida de minha própria natureza – como poderia ser, se não tenho nenhuma natureza?” – Keats

 “Se os velhos imbecis tivessem descoberto algo mais que a falsa significação do Eu, não teríamos de varrer esses milhões de esqueletos que, desde um tempo infinito, vêm acumulando os produtos de sua inteligência caolha, arvorados em autores! [...] Porque Eu é um outro. Se o cobre acorda clarim, nenhuma culpa lhe cabe. Para mim é evidente: assisto à eclosão de meu pensamento: eu a contemplo, eu a escuto” – Rimbaud

 ”Hoje, já não tenho personalidade: quanto em mim haja de humano, eu o dividi entre os autores vários de cuja obra tenho sido o executor. Sou hoje o ponto de reunião de uma pequena humanidade só minha” – Fernando Pessoa

“A origem mental dos meus heterônimos está na minha tendência orgânica e constante para a despersonalização” – Fernando Pessoa

 “A escrita é destruição de toda a voz, de toda a origem. A escrita é esse neutro, esse compósito, esse oblíquo para onde foge o nosso sujeito, o preto-e-branco aonde vem perder-se toda a identidade, a começar precisamente pela do corpo que escreve” – Roland Barthes

 “Na escrita [...] não se trata da amarração de um sujeito em uma linguagem: trata-se da abertura de um espaço onde o sujeito que escreve não para de desaparecer [...] a marca do escritor não é mais do que a singularidade de sua ausência: é preciso que ele faça o papel do morto no jogo da escrita” – Michel Foucault

 “Se chamarmos o gesto o que continua inexpresso em cada ato de expressão, poderíamos afirmar então que, exatamente como o infame, o autor está presente no texto apenas em um gesto, que possibilita a expressão na mesma medida em que nela instala um vazio central [...] Sua vida é apenas jogada, nunca possuída, nunca representada, nunca dita – por isso ela é o lugar possível, mas vazio, de uma ética, de uma forma de vida [...] O autor é o ilegível que torna possível a leitura, o vazio lendário de que procedem a escritura e o discurso” – Giorgio Agamben.
 
 
***



Alberto Pucheu / Poeta e professor de Teoria Literária da UFRJ (pesquisador do CNPq) autor de diversos livros de poesia e teoria, sendo o mais recente A fronteira desguarnecida (poesia reunida 1993-2007), e Pelo colorido, para além do cinzento – A literatura e seus entornos interventivos, ambos pela Azougue Editorial, 2007.








 
 
 
 
 
 
 

 

10/09/2013

A Comunidade Inconfessável | Maurice Blanchot



A COMUNIDADE INCONFESSÁVEL {Lumme Editor} LANÇAMENTO EM BELÉM

 
 
 ***