11/30/2016

L A N Ç A M E N T O: «Além-do-homem e idealidade estética»




l a n ç a m e n t o
Dia 02 dezembro 19h - Iphan | 
Av. Gov. José Malcher 474 | Belém

«Em além-do-homem e idealidade estética, Roberto Barros reúne e integra diferentes perspectivas que orientam sua ocupação hermenêutica com a filosofia de Friedrich Nietzsche, ao longo dos anos. O fio condutor dessa síntese fecunda e uma interpretação em profundidade de Assim Falou Zaratustra, na qual estão contidos os pensamentos essenciais de Nietzsche: a vontade de poder, o eterno retorno, o além-do-homem, mas também a quintessência de obras anteriores e o germe conceitual daquelas que surgiram depois dela»







11/13/2016

«PASOLINI: O VAZIO DO PODER» : DAVI PESSOA





«PASOLINI: O VAZIO DO PODER» DAVI PESSOA
Data: 18 de novembro | 19h
Local: IPHAN: Av. Gov. José Malcher, 563 – Nazaré | Belém



****

«PASOLINI: O VAZIO DO PODER»
Pier Paolo Pasolini, ainda muito jovem, com 7 anos de idade, se declara um “poeta acadêmico, ao modo de Petrarca”; alguns anos depois, diz que sofreu alguns traumas, por exemplo, depois das leituras de Rimbaud, Shakespeare, Dostoievski, Gramsci, Ungaretti e Paul Valéry. Após tal experiência diz que pela primeira vez em sua vida viu-se como antifascista. Nesse período de sua formação, lê uma passagem de Valéry citada por Jakobson, que irá ecoar em seu pensamento por toda a vida: “A poesia é uma hesitação prolongada entre o som e o sentido”, e a partir dessa proposição surge uma angústia compartilhada por ele durante uma entrevista a Giuseppe Cardillo, em 1969, em NY, a saber: os poetas simbolistas fundavam sua poética em dois pontos, a) a poesia é o conteúdo da própria poesia; b) a poesia tem uma língua que lhe é específica, uma língua que não é decorativa, nem referencial. Daí, surge-lhe um impasse: como romper com tal cisão entre o político e o estético? Sua experiência em Friuli irá lhe proporcionar um trauma social, como ele mesmo declara, visto que ali começa a entrar em contato com os camponeses que começavam a se manifestar contra o sistema de produção ainda feudal ao qual estavam submetidos, e ali Pasolini diz que já estava lendo Marx antes mesmo de sua primeira leitura efetiva de um texto de Marx, e ali percebe que o dialeto friulano presente em seus poemas não era um fato puramente realista, não era nem totalmente som, nem totalmente sentido, era um hiato entre os dois pólos, um terceiro elemento, que punha o estético e o político em confronto. Tal percepção irá se fazer presente em todos seus esboços de obra (lembremo-nos de suas aulas com Roberto Longhi), em suas anotações para seus filmes (África, Palestina, Índia, etc.), sempre como “retratações” (ao modo de Agostinho, “tratando de novo” – La Divina Mimesis, Decameron), com o intuito de sabotar o eterno retorno do mesmo, da mesmo “situação”, como dirá em sua última entrevista a Furio Colombo. Em última análise, podemos compreender o desaparecimento dos vaga-lumes não como um fim de experiência (do Mundo, mas de um mundo), mas, antes, como uma abertura de espaço (caráter destrutivo, Benjamin), de possibilidade de fazer sabotar a máquina de guerra, pois naquele momento Pasolini já percebia (e é esta uma das forças que tanto interessa ao filósofo Giorgio Agamben, ao ler a obra de Pasolini, que se situa sempre em um “antes” e um “depois”), no vazio do Poder da Itália, de modo muito sagaz (como uma espécie de Sócrates, ao pronunciar sua parresía, sempre necessária para que a democracia continue a existir), a antecipação da separação entre economia e política, em favor da primeira, tal como vemos em nossos tempos. Assim, nosso desafio, hoje, é dar novamente potência ao poético, ao político, ao gesto do corpo, para que possamos diminuir o abismo existente entre “populus” e “plebs”, no qual este último é sempre alvo de eliminação, ou ainda, como nos diz Agamben, em “O que é um povo?”: “Somente uma política que tiver sabido prestar contas da cisão biopolítica fundamental do Ocidente poderá deter essa oscilação e colocar um fim na guerra civil que divide os povos e as cidades da terra.”

***


DAVI PESSOA 

Informações (biografia) 


Davi Pessoa é professor adjunto de literatura italiana na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). É doutor em Teoria Literária pela UFSC (com pesquisa em La Sapienza/Roma), com projeto sobre a questão da escritura em Elsa Morante e em Macedonio Fernández. É autor de «Terceira Margem: Testemunha, Tradução» (Editora da Casa, 2008). Atua também como tradutor de literatura e filosofia italiana. Traduziu «A razão dos outros» e «Ou de um ou de nenhum» (Lumme Editor, 2009), de Luigi Pirandello, «Georges Bataille: filósofo» (Edufsc, 2010), de Franco Rella e Susanna Mati, «Desgostos» (Edufsc, 2010) e «Ligação Direta» (Edufsc, 2011), ambos de Mario Perniola, «A sinagoga dos iconoclastas», de Juan R. Wilcock (Rocco, 2016), e os livros «Nudez», «O tempo que resta» e «Meios sem fim» do filósofo italiano Giorgio Agamben (Autêntica, 2014, 2015, 2016), do qual sairá em breve a tradução do livro «Pulcinella ou Divertimento para os jovens em quatro cenas». No momento, está traduzindo o livro «Petróleo», de Pier Paolo Pasolini, para a Editora 34.





11/09/2016

Em favor de Edson Passetti


No «estado de exceção», sem alarmes, os níveis de persecução dobram ao infinitivo. O alvo somos todos nós. Nessa ameaça iminente viver é cada vez mais perigoso. A vida e suas práticas, aqui ou em qualquer lugar, estão em risco. O processo é sinistro, muito além do pesadelo de Josef K. Solidariedade a Edson Passetti 

Em solidariedade a Edson Passetti encaminhamos abaixo assinado, pedimos seu apoio. Segue o link: https://goo.gl/LrNiZt 


*  *  *

a insuportável produção de verdades – 
em favor de Edson Passetti
Núcleo de Sociabilidade Libertária Nu-Sol Brasil




Nesta semana soubemos que nosso amigo Edson Passetti foi implicado num processo administrativo, acionado por meio da principal tecnologia de fazer morrer nas sociedades disciplinar e de controle: a delação. O que para muitos é fato ordinário de uma vida judicializada que confunde isonomia com nivelamento tosco pela lei, para nós é um acontecimento que expõe o atual estado das coisas na universidade brasileira, em especial na PUC-SP.

O processo administrativo movido pela atual reitoria desta universidade não desqualifica, não diminui, tampouco enfraquece o Edson, apenas explicita a tentativa de esmagar, aos poucos, a história política da PUC-SP na luta pela coexistência com o diferente e da recusa em consentir com autoritarismos e arbitrariedades. Mas não só: escancara o amor à cultura do castigo que sempre se inicia por gestos minúsculos de uma força estúpida. Não desconhecemos nem ignoramos que ninguém pesquisa, trabalha, produz ou se relaciona apartado do modo como toca na vida.

Não cessamos de aprender e descobrir com o Edson há mais de três décadas a leveza contundente e a delicadeza firme deste homem raro e generoso com seus amigos, com os homens e mulheres com quem anda e trabalha, com as pessoas com quem esbarra, com as gentes que descobre, apresenta, fortalece, enfim, do vigor imprescindível ao dia a dia que não se imiscui nem se confunde com trajetórias e itinerários dos que primam pelos registros regulamentares. Como é possível que um professor esteja exposto a isto em uma universidade?

Desnecessário expor aqui o quanto e como Passetti é decisivo na PUC-SP, com 40 de anos de universidade e quase vinte à frente da densa e volumosa produção do Nu-Sol. Formou e forma incontáveis pesquisadores que hoje se encontram também em diversas universidades de todo país como professores, pautando sua atuação pela excelência acadêmica e a coragem na produção de verdades. Dentro da história de práticas democráticas da PUC-SP, que hoje tentam reduzir a relicário ou mera sombra do passado em contraste com o resplendor de uma democracia procedimental, Passetti sempre soube o valor da isonomia e da isegoria na eclésia, e insiste em lembrar da regra não inscrita e não institucional das práticas democráticas: a parrésia, o falar francamente sob o risco de impacientar a autoridade a qual se dirige. Longe de ser um elemento de conservação ou preservação, isso dá vida às relações dos diferentes numa democracia que não se quer refém do princípio republicano da lei.

Assim, implicar Edson Passetti num processo administrativo é revoltante para nós. Pouco importa os termos da acusação e os procedimentos instaurados para atribuição de culpa ou inocência. É um acontecimento que revela a estupidez na qual a universidade se afunda. Outros processos (dentro e fora da PUC-SP) poderiam ser lembrados, mas no momento nos interessa este. Ele nos diz quanto a produção de verdades outras se tornou intolerável na universidade supostamente tolerante.

São pequenas grandes condutas institucionais, viabilizadas pela letra da lei, que dão provas de que a universidade está indo por outro caminho que não o de espaço de invenção, contestação, liberdade e produção de conhecimento apartada dos interesses ordinários da Sociedade, do Estado e do Mercado. Mais do que a interceptação de um certo estilo, modo de fazer e jeito de usar em pesquisa, ensino e extensão, este processo é, para nós, inadmissível.

Inaceitável, ele é o que também não tem nome. A língua não encontra uma palavra para ele, pois traz o traço mais sombrio e carnífice da simulação e dissimulação que pretende nos terrificar no presente.
Que os que moveram este processo tenham a grandeza ou o gesto simples de reconhecer que ele jamais deveria ter sido iniciado.
Que ele seja, então, interrompido aqui.

Basta do amor incondicional ao castigo e ao juízo que se arroga o poder de querer massacrar o raro da vida em sua existência sempre fugaz. A vida é de queimar as questões.

Com Edson Passetti aprendemos esse modo de fazer pesquisa com seriedade sem sisudez, o que implica humor, riso e ironia. Trabalhamos como loucos para levar ao público nossa produção, não porque somos determinados pelo trabalho, mas porque um compromisso ético e estético nos move.

Esperemos que esse processo seja episódico, embora ele jamais pudesse ter acontecido; que o mal-entendido se desfaça e que não se perca o respeito que sempre existiu na comunidade puquiana.

Até que este processo ser retirado e incinerado e para que isto jamais se repita, o Nu-Sol suspenderá suas publicações regulares semanais, quinzenais e mensais.

Fechamos com Edson Passetti e não há pé de cabra que arrombe!
Se para você esse processo também é inadmissível, expresse seu apoio público colocando seu nome abaixo.

https://goo.gl/LrNiZt  

Nu-Sol
Núcleo de Sociabilidade Libertária

Este abaixo-assinado será entregue para:
nu-sol@nu-sol.org