8/09/2014

abaixo-assinado | EM APOIO AOS PROFESSORES PERSEGUIDOS PELA PUC-SP


EM APOIO AOS PROFESSORES PERSEGUIDOS PELA PUC-SP

scroll down for ESPAÑOL, FRANÇAIS and ENGLISH and to sign up


(Para assinar):  http://cartapucsp.lrdsign.com/




A Reitoria da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo abriu um processo investigatório contra os professores Peter Pál Pelbart, Yolanda Glória Gamboa Muñoz e Jonnefer Barbosa, sob a alegação de supostamente terem convidado, idealizado, apoiado e divulgado a encenação do diretor de teatro Zé Celso Martinez, ocorrida na universidade em novembro de 2012. Na época, alunos, professores e funcionários protestavam contra a nomeação, pelo Cardeal D. Odilo Scherer, da terceira colocada na eleição para Reitor, quebrando uma tradição democrática de respeito à vontade da maioria, na primeira universidade brasileira a prever um processo eleitoral direto e paritário para a escolha de seus reitores.

A acusação em curso é de que aquela performance artística teria atentado contra o “patrimonio moral e cultural” da instituição, e de terem, os referidos docentes, estimulado a indisciplina entre os acadêmicos. Ora, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo tem como legado a defesa irrestrita da democracia, o pluralismo de ideias, a livre expressão artística, a pesquisa independente e a conexão viva com a sociedade. Prova disso foi a coragem política do então Cardeal D. Paulo Evaristo Arns ao acolher vários professores cassados em outras universidades durante a ditadura civil-militar que perdurou de 1964 a 1985, tais como Bento Prado Jr., Florestan Fernandes, Octavio Ianni e José Arthur Giannotti, como também alunos perseguidos pelos aparatos de repressão ou expulsos das universidades públicas brasileiras por motivos políticos.

A intimação dos três professores da Filosofia é uma clara tentativa de instaurar entre docentes e discentes um clima de intimidação, medo e insegurança. Trata-se de um gesto autoritário, que visa cercear a liberdade de iniciativa e de expressão no âmbito da universidade, sinalizando um rumo de todo inquietante, em desacordo com a autonomia acadêmica e com a liberdade historicamente construída no interior da PUC-SP.

Ao instaurar de forma oficial uma Comissão Sindicante Processante Permanente, que ora se encarrega deste processo, a Reitoria opta por uma lógica inquisitorial incompatível com a democracia brasileira, para não dizer com os novos ventos que sopram no Vaticano. A Universidade que foi um vigoroso bastião de resistência contra a ditadura, sendo duramente invadida pelas forças policiais no ano de 1977, que sofreu, durante os anos de chumbo, vários ataques, como o incêndio criminoso de seu teatro no ano de 1984, que deu abrigo a figuras proeminentes do pensamento no Brasil e arejou a produção intelectual nos trópicos, se vê agora ameaçada na sua vitalidade mesma.

Os abaixo-assinados, radicados em vários países, manifestam sua solidariedade aos professores acusados, o repúdio veemente ao processo em curso, e exigem, além de sua imediata interrupção, a retomada das condições básicas para a pesquisa, a produção e a liberdade acadêmicas na PUC-SP.

(para assinar): http://cartapucsp.lrdsign.com/


EM APOIO AOS PROFESSORES PERSEGUIDOS PELA PUC-SP

866 signatures
Share this with your friends:
   
Assinaturas





EN APOYO A LOS PROFESORES PERSEGUIDOS POR LA PUC-SP

La Rectoría de la Pontificia Universidad Católica de São Paulo ha instaurado un proceso investigativo contra tres profesores: Dr. Peter Pál Pelbart, Dra. Yolanda Gloria Gamboa Muñoz y Dr. Jonnefer Barbosa, argumentando una supuesta invitación, idealización, apoyo y divulgación de la puesta en escena del director  teatral Zé Celso Martinez, representada en el patio central de la Universidad en Noviembre de 2012. En esa época, alumnos, profesores y funcionarios protestaban contra la designación por el Cardenal  Odilo Scherer, de la tercera colocada en la elección para Rector, quebrando una tradición democrática de respeto a la voluntad de la mayoría, en la primera universidad brasileira que estableció un proceso electoral directo y paritario para la elección de sus rectores.
La acusación en curso sostiene imperativamente que la performance artística habría atentado contra el “patrimonio moral y cultural” de la institución, habiendo, los referidos docentes, estimulado la indisciplina entre la comunidad universitaria. Sin embargo,  la Pontificia Universidad Católica de São Paulo posee como legado la defesa irrestricta de la democracia, el pluralismo de ideas, la libre expresión artística, la investigación independiente y la  conexión viva con la sociedad. Prueba de esto fue el coraje político del entonces Cardenal Paulo Evaristo Arns al acoger varios profesores exonerados en otras universidades durante la dictadura cívico-militar que perduró de 1964 a 1985, tales como Bento Prado Jr., Florestan Fernandes, Octavio Ianni y José Arthur Giannotti, como también alumnos perseguidos por los aparatos de represión o expulsados de las universidades públicas brasileras por motivos políticos.
Esta notificación a  tres profesores de Filosofía es una clara tentativa de instaurar entre docentes y discentes un clima de intimidación, miedo e inseguridad. Se configura un gesto autoritario, que pretende cercenar la libertad creativa y de expresión en el  ámbito de la universidad, estableciendo un rumbo inquietante, en desacuerdo con la autonomía académica y con la libertad históricamente constituida al interior de la PUC-SP.
Al instaurar oficialmente una Comisión Investigadora Procesual Permanente, ahora encargada de este proceso, la Rectoría opta por una lógica inquisitorial incompatible con la democracia brasilera, sin considerar los nuevos vientos que soplan en el Vaticano. La Universidad,  vigoroso bastión de resistencia contra la dictadura que fue duramente reprimida por las fuerzas policiales en 1977, que sufrió numerosos atentados durante los “años de plomo”, resultando en el criminal incendio de las instalaciones de su Teatro en 1984, que albergó figuras prominentes del pensamiento  brasilero, oxigenando la actividad intelectual en los trópicos, hoy se ve amenazada inquisitorialmente en su específica vitalidad.
Los firmantes, radicados en diversos países, manifiestan su solidaridad con los profesores acusados,  repudiando de forma vehemente el proceso en curso,  exigiendo, más allá de su inmediata suspensión, la retomada de las condiciones básicas para la investigación, la producción  y la libertad académica en la PUC-SP.



EN SOUTIEN AUX PROFESSEURS PERSÉCUTÉS PAR LA PUC-SP

Le Rectorat de l’Université Pontificale Catholique de São Paulo (PUC-SP) a décidé d’engager une procédure d’enquête contre les professeurs Peter Pál Pelbart, Yolanda Glória Gamboa Muñoz et Jonnefer Barbosa sous l’allégation suivante : ils auraient encouragé, soutenu et produit à l’Université un spectacle du metteur en scène de théâtre  Zé Celso Martinez. Ce spectacle eut lieu dans le cadre de la mobilisation des étudiants, des enseignants et du personnel administratif contre la nomination, au poste de Recteur, par le cardinal et archevêque de São Paulo D. Odilo Scherer, en novembre 2012, de la candidate arrivée en troisième place lors des élections à l’Université. Cette décision sans précédent contrevenait à l’esprit et aux procédures démocratiques en vigueur dans la première université brésilienne qui ait organisé des élections directes et paritaires pour le poste de recteur.
En rupture avec la tradition académique de la  PUC-SP en faveur de la défense inconditionnelle de la liberté d’expression, du pluralisme des idées, de l’indépendance de la recherche et de l’ouverture à la société, l’accusation met en avant une grave atteinte au « patrimoine moral et culturel » de l’institution et une « incitation des étudiants à l’indiscipline »  par les enseignants concernés.
L’assignation à comparaître des trois professeurs du département de philosophie devant une commission d’enquête à l’intitulé inquisitorial (Comissão Sindicante Processante Permanente), chargée d’instruire ce procès inique, manifeste la volonté de créer parmi les enseignants et les étudiants un climat d’intimidation, de peur et d’insécurité. C’est, de la part du Rectorat, le signe d’une orientation extrêmement préoccupante,  en contradiction avec le principe d’autonomie des universités et de liberté académique — ces deux valeurs essentielles chèrement conquises par la PUC-SP depuis la période la plus sombre de la dictature militaire et qui sont la condition même de son rayonnement intellectuel au Brésil et dans le monde.
Les signataires manifestent leur entière solidarité avec les enseignants mis en cause, leur refus du procès en cours et exigent, outre son immédiate suspension, le retour à la tradition d’indépendance et de liberté de l’Université Pontificale Catholique de São Paulo, indispensable à l’enseignement et à la recherche universitaires.



 IN SUPPORT OF THE PERSECUTED TEACHERS BY PUC-SP

The Provost’s Office of the Pontifical Catholic University of São Paulo opened an investigatory procedure against professors Peter Pál Pelbart, Yolanda Glória Gamboa Muñoz and Jonnefer Barbosa, under the allegation of having invited, envisaged, supported and advertised the theatre-performance staged in the University’s facilities in November 2012 by theatre director Zé Celso Martinez. At the time, students, professors and staff protested against Cardinal Don Odilo Scherer’s appointment as Provost of the candidate who was only third place in the election. In so doing, a democratic tradition of respect for the will of the majority was broken in what is historically the first Brazilian University to implement a direct and joint electoral process for the choice of its Provost.
The accusation being pursued is that the artistic performance acted against the “moral and cultural patrimony” of the institution and that in supporting it the three aforementioned professors stimulated indiscipline among the student population. In fact, the Pontifical Catholic University of São Paulo has as its legacy the unrestricted defense of democracy, the pluralism of ideas, free artistic expression, independent research and a vibrant connection with society. Proof of this was the political courage of Cardinal D. Paulo Evaristo Arns, who, during the civil-military dictatorship that Brazil endured from 1964 to 1985, welcomed many professors who had been banished from other universities, such as Bento Prado Jr., Florestan Fernandes, Octavio Ianni and José Arthur Giannotti, as well as students persecuted by the repressive apparatus of the dictatorial regime or expelled from Brazilian public universities for political reasons.
The summoning of the three professors of Philosophy is a clear attempt to create an atmosphere of intimidation, fear and insecurity among academic staff and students. The accusation is, at its basis, a clear authoritarian gesture aimed at stifling the liberty of initiative and of expression within the University, signalling a disquieting reality at odds with the academic autonomy historically woven into the fabric of the PUC-SP.
In establishing, on an official basis, the Permanent Prosecuting Inquiry Commission, which is responsible for this administrative process, the Provost’s Office has decided in favor of an inquisitorial logic incompatible with Brazilian democracy, not to mention the winds of change presently blowing through the Vatican. The University which was a vigorous bastion of resistance against the dictatorship; which, for this very reason, was invaded by the police in 1977; which suffered various attacks during the ‘Years of Lead’, such as the criminal act in which its theatre was set on fire and destroyed in 1984; which gave refuge to prominent figures of Brazilian thought-production, refreshing intellectual production in the tropics – it is this very University that now sees itself vitality threatened from within.
We, the undersigned, living in various countries, manifest our solidarity with the accused professors, our outright condemnation of the administrative process under way, and demand not only its immediate cessation, but also the reestablishment of the basic conditions for research, thought-production and academic freedom at the Pontifical Catholic University of São Paulo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário