Colóquio Jabès & Blanchot :
«pensar o limite»
Dias 13 e 14 de abril de 2016 - Belém | PA
Museu da UFPA | Av. Gov. José Malcher, 1192 -
Nazaré
Org. Nilson Oliveira
UMA HOMENAGEM | Edmond Jabès por Max Martins
A poesia de Edmond Jabès começou a ser difundida
em Belém pelo poeta Max Martins, em 1991, num conjunto de fragmentos (Edmond
Jabès: As palavras elegem o poeta), publicados avulsos em “Não Para Consolar”
(poesia reunida de Max). Os fragmentos eleitos foram extraídos dos livros “Je
bâtis ma demeure: Poèmes” 1943-1957 (Eu edifico minha morada: poemas 1943
- 1957) e “Le Livre des questions” (O Livro das questões).
Certamente a inclusão de Jabès numa obra de Max
é a evidência de uma experiência marcante, um bom encontro, mergulho na
superfície exterior da outra escrita, travessia pelos desertos e indizíveis das
nuances jabesianas, aliança cujo desdobramento é a partilha da poesia.
É disso que se trata. Movimento subscrito na enseada
dos refluxos, diálogo imponderável, estrangeiro face ao pensamento estrangeiro.
Max e Jabès, encontro moldado pelos laços de um acolhimento intensivo, regozijo
entre mundos, ou melhor, acontecimento no qual a experiência do encontro constitui
uma ação-ativa para ampliar as margens da linguagem.
Retornar à poesia de Edmond Jabès, 25
anos após a tradução de Max, significa um sopro revigorante, sobretudo porque essa
volta vem amparada por uma investida significativa: o conjunto de novas traduções
de Jabès: “O Livro das Margens” e “O Livro dos Limites”, executadas por Eclair Antônio
Almeida Filho, num trabalho primoroso (Lumme Editor), verdadeiro presente para
o leitor brasileiro, o que não deixa de ser, segundo pensamos, um modo de
homenagem a Max Martins pelo generoso gesto de acolher Jabès.
PENSAR O LIMITE | Jabès e Blanchot
As linhas em curso nesta empreitada, nas
trilhas Edmond Jabès e Maurice Blanchot, desdobram-se em torno de dois
horizontes atravessados por um conceito que paradoxalmente esgota e excede: a
experiência- limite. Experiência circunscrita no interior da cesura entre
literatura e pensamento, nas bordas do ilimitado; passagem sem medida para o
fundo de uma jornada segundo a qual o retorno (tal como em Ulisses ou Leopold
Bloom) é interminável.
Nessa atmosfera o que vigora não é nem
acabamento, nem inacabamento; nem conclusão, nem suspensão. Mas o que excede, experiência
que escapa a todo poder e toda medida, em separação infinita, o próprio ‘desastre’
(como diz Blanchot): “aquilo que não se pode acolher, exceto como a
iminência que gratifica: a espera do não-poder”.
É a partir desta imagem, do desastre, que se
atam as linhas deste colóquio: “Pensar o limite: Jabès e Blanchot”. Aposta
cujos traçados incorrem por vias nas quais a literatura é pensada em conexões várias
(filosofia, política), numa experiência ao encontro do que excede as fronteiras
entre o “limite” e o “desastre”, a partir dos ecos de Blanchot e Jabès, no arco
de duas obras decisivas: “O Livro dos Limites” e “A Escrita do Desastre”.
O Colóquio Pensar o limite: Jabès e Blanchot,
promovido pela revista Polichinello, se realizará nos dias 13 e 14 de abril, no
Museu da Ufpa, com a presença de estudiosos, entusiastas e especialistas nas
obras de Edmond Jabès e Maurice Blanchot.
A programação será composta de conferências, apresentação
de edições (Jabès e Blanchot | Lumme Editor) e tem como convidados: CONTADOR
BORGES (Pós-Doutorado na Université Paris Diderot, Paris 7); NILSON OLIVEIRA (Revista
Polichinello); LUCIANO BEDIN DA COSTA (Universidade Federal do Rio Grande do
Sul); ECLAIR ANTÔNIO ALMEIDA (Universidade de Brasília).
Inscrições: (91) 32784578
revista.polichinello@gmail.com
⁂
L A N Ç A M E N T O S:
EDMOND JABÈS (1912 -
1991), poeta, romancista, ensaísta e escritor de fragmentos, consagrou toda sua
obra a escrever rumo ao Livro, ao livro, ao relato. tanto que grande parte de
seus livros traz a palavra « Livro » em seu título: temos sete livros das
Questões, quatro Livros dos Limites (que inclui um Livro do Diálogo e um Livro
da Partilha), três Livros das Semelhanças, outros três Livros das Margens, um
Livro da Hospitalidade. Podemos, inclusive, afirmar que todo livro jabesiano
está na ausência de livro ou em busca de tornar-se livro e Livro. Seus meios
são o deserto, a voz, o silêncio, sábios, estrangeiros, a pena (pluma), o
neutro, o ilimitado, numa escritura fragmentária mas não fragmentada.
MAURICE
BLANCHOT (1907 - 2003) escritor, ensaísta, romancista e
crítico de literatura. Blanchot sempre tentou, com mais ou menos razão,
aparecer o menos possível. Suas teorias sobre a relação entre o escritor, a
língua, a literatura e a filosofia influenciaram toda uma geração de pensadores
pós-modernos e pós-estruturalistas, como Paul de Man, Michel Foucault, Jacques
Derrida e Jean-Luc Nancy.
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