Movimentos
sociais, estudantes, técnicos e professores da Universidade Federal do Sul e
Sudeste do Pará (Unifesspa) devem fazer um grande ato público em frente ao
prédio do Poder Judiciário local no próximo dia 5 de Maio, às 9 horas da manhã, que é
quando o professor Evandro Medeiros, da Unifesspa, prestará depoimento por ter
sido acusado de uso indevido das próprias razões, durante manifesto ocorrido em
20 de novembro do ano passado, em solidariedade aos atingidos pela tragédia de
Mariana (MG).
Em carta
apresentada durante assembleia universitária ontem (25) e que será distribuída
para assinatura até o dia da audiência, os professores, estudantes e técnicos
da Unifesspa lembram que entre os diversos pontos que integram o estatuto pro
tempore da instituição, com objetivo de nortear sua atuação, está a defesa
dos direitos humanos e a preservação do meio ambiente, sendo este um dos
princípios institucionais (Conforme o art. 2º, VIII, Resolução n.º 17 de
29/10/2015-CONSUN).
“Diante disso,
todos os sujeitos que integram a universidade têm obrigação – cada um dentro de
sua esfera de atuação – de se integrar às dinâmicas sociais locais,
contribuindo na resolução de problemas, seja por meio de pesquisas científicas,
seja por intervenções, dando concretude ao tripé de qualquer instituição de
ensino superior, que é ensino, pesquisa e extensão”, diz trecho do manifesto.
Ainda segundo o
documento, foi pautado nessa visão e a partir desse compromisso, que o
professor Evandro Medeiros, junto com estudantes, outros servidores da Unifesspa
e moradores que vivem nas margens da Estrada de Ferro Carajás (EFC), em Marabá,
participaram, em novembro do ano passado, de ato em solidariedade aos moradores
de Mariana (MG), que foi arrasada pelo rompimento de barragem de rejeitos da
Samarco/Vale naquele mesmo mês, causando prejuízo ambiental e social
incalculável.
Durante o ato,
realizado ao lado dos trilhos da Ferrovia Carajás, ocorreram atividades que
estimularam a criação cultural e o desenvolvimento do pensamento crítico e
reflexivo, tanto entre os estudantes quanto entre os professores e os próprios
moradores que vivem naquela localidade, conforme dispõe o Artigo 3º do estatuto pro
tempore da Unifesspa.
Por outro lado,
durante todo o tempo em que aconteceu o ato em solidariedade aos moradores de
Mariana, não houve ações violentas e tampouco risco à segurança ferroviária.
“Ou seja, não há motivo para denunciar o professor Evandro Medeiros ou qualquer
outro manifestante por crime algum. Trata-se de uma medida desproporcional
tomada pela Vale, que parece mais buscar – via poder judiciário – um mecanismo
de intimidação não apenas ao professor, mas a todos que se manifestarem contra
os interesses da mineradora”, diz a carta.
“Diante do
exposto, os professores, técnicos e estudantes da Universidade Federal do Sul e
Sudeste do Pará (Unifesspa) ratificam seu compromisso social, moral e
estatutário de envolvimento nos problemas enfrentados pelos moradores desta
região, sobretudo os mais pobres, e repudiam a ação judicial movida pela
mineradora Vale contra o professor Evandro Medeiros e ainda se solidarizam com
este e convidam todos a participar de grande ato público em frente à sede do
Poder Judiciário local no próximo dia 5 de maio, a partir das 9 horas da manhã,
que é quando o professor Evandro será ouvido pelas autoridades judiciais sobre
as acusações imputadas contra ele pela Mineradora Vale”, convoca.
Da mesma forma,
também, os professores, técnicos e estudantes da Unifesspa se solidarizam com
os cidadãos Tiago Cruz, Iara Reis, João Reis, Waldy Gonçalves Neves e demais
manifestantes do Bairro Alzira Mutran, que são alvos de inquéritos da Polícia
Civil, por se organizarem para lutar por seus direitos.
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