2/17/2012

Ele não era daqui ou a dança da desrazão | Nilson Oliveira






Por Nilson Oliveira



A imagem permanece a mesma: uma estranha esfera negra a girar / a dançar. Porém, olhando mais atentamente, a imagem ganha outras nuances: em absoluto frenesi, um Urso Negro rodopia em torno de si mesmo contorcendo a harmonia de tudo; gira num vertiginoso poder de girar. Seu giro desata as horas, os segundos, os sentidos. O Urso, incansável, gira cada vez mais até esgotar as forças do mundo. Gira e toca piano – o giro é o intervalo da razão -,esse é o seu poder. Sair da clausura do demasiadamente humano, inventar um tempo, uma sonoridade e permanecer com seu piano na outra margem, girando como uma esfera negra, dançando a dança da desrazão.


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Ele, com seus rodopios (performances, minimalismo errante, harmonias dissonantes, indiscernibilidade da melodia), abre um rasgo na experiência contemporânea, inventando um ruído que sopra (por fora da história, do poder, das instituições) em ressonância com o ACONTECIMENTO.


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Ele não é um outro mundo, mas o outro de todo mundo.



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Há 30 anos [dia 17 de fevereiro de 1982 em Nova Jérsei] Thelonious Monk desapareceu definitivamente.

















Um comentário:

  1. Belíssimo texto homenageando um gênio. Título acertado evocando um texto desgraçado de bonito do Cioran. Valeu a homenagem e vou agora meter um thelonius.
    Abraço

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