2/04/2013

A SOLIDÃO ESSENCIAL | A SOLIDÃO NO MUNDO: ciclo de conversações - performances - projeções


















BLANCHOT E SEUS INTERCESSORES
CICLO DE CONVERSAÇÕES | PERFORMANCES | PROJEÇÕES
Galeria Theodoro Braga











15 DE FEVEREIRO
18h00 às 20h30
Exibição do Filme: Blanchot vida e obra
De CRISTOPHE BIDENT e HUGO SANTIAGO

* *
Blanchot e Levinas: o infinito como lugar do estranhamento
ALBERTO AMARAL 
(Pesquisador do Núcleo Interdisplinar Kairós | UFPA)

* *
Derivações do Desastre
NILSON OLIVEIRA 
(Editor da Revista Polichinello)

*

20 DE FEVEREIRO
18h00 às 20h30
Ecos de Blanchot e Max
NEY FERRAZ PAIVA
(Poeta e ensaísta, autor de: Maura Lopes Cansada de Deus)

***
A Encenação da Morte e a Poesia Moderna
IZABELA LEAL
(Professora do Programa de Pós-Graduação em Letras | UFPA)

*

27 DE FEVEREIRO
18h00 às 20h30
LEITURA DRAMÁTICA DO TEXTO:
A Doença da Morte” 
MARGUERITE DURAS

*
O Espaço Literário na Poética de Rio Silêncio
DENIS BEZERRA
(Professor da Universidade do Estado do Pará | UEPA)

*
LANÇAMENTO DA "PLAQUETE-BLANCHOT"
Com textos de: Jean-Luc Nancy – Jacques Lacan
Philippe Lacoue-Labarthe - Christophe Bident
Tradução: Eclair Antonio Almeida Filho



L O C A L
Galeria Theodoro Braga
 Av. Gentil Bittencourt, 650, Térreo Belém 

Informações: 32410655 - 83912022





*


A SOLIDÃO ESSENCIAL
A SOLIDÃO NO MUNDO

Quando estou só, não sou eu que estou aí e não é de ti que fico longe, nem dos outros, nem do mundo. Não sou o indiví­duo a quem aconteceria essa impressão de solidão, esse senti­mento dos meus limites, esse tédio de ser eu mesmo.


*
Quando estou só, não estou aí. Isso não significa um estado psicológico, indicando o desaparecimento, a supressão desse direito de sentir o que sinto a partir de mim mesmo.

*
Não é que eu seja um pouco menos eu mesmo, é o que existe "atrás do eu", o que o eu dissimula para ser em si.

*

Quando sou, ao nível do mundo, aí onde são também as coisas e os seres, o ser está profundamente dissimulado.

*

Essa dissimulação pode tornar-se trabalho, negação. "Eu sou" (no mundo) tende a significar que somente sou se posso separar-me do ser: negamos o ser — ou, para esclarecê-lo ror um caso particular, negamos, transformamos a natureza — e, nessa negação que é o trabalho e que é o tempo, os seres realizam-se e os homens erguem-se na liberdade do "Eu sou".

*

O que me faz eu é essa decisão de ser quando separado do ser, c ser sem ser, o ser isso que nada deve ao ser, que recebe seu poder da recusa de ser, o absolutamente "desnaturado", o ab­solutamente separado, isto é, o absolutamente absoluto.

*

Esse poder pelo qual me afirmo renegando o ser é real, entretanto, na comunidade de todos, no movimento comum do trabalho e do trabalho do tempo.


*

"Eu sou", como decisão de ser sem ser, só tem verdade porque essa decisão é minha a par­tir de todos, porque se concretiza no movimento que ela possi­bilita e torna real: essa realidade é sempre histórica, é o mundo que é sempre realização do mundo.

*

Eu sou o que não é, aquele que cometeu secessão, o separado  ou ainda, como se disse, aquele em quem o ser é discutido.

*

Os homens afirmam-se pelo poder de não ser: assim agem, falam, compreendem, sempre outros que não são eles e que es­capam ao ser por um desafio, um risco, uma luta que vai até à morte e que é história.


*

Foi o que Hegel mostrou. "Com a morte começa a vida do espírito." Quando a morte se torna poder, co­meça o homem, e esse começo diz que, para que exista o mu­do, para que haja seres, é necessário que o ser falte.

Maurice Blanchot | O Espaço Literário




Nenhum comentário:

Postar um comentário