“O poeta não ensina nada: cria e partilha”
Roberto Juarroz
São linhas, por vezes traços ou rasuras, devidamente conformadas
numa elaboração, por assim dizer, na esfera do trabalho da escrita, alçando uma
relação com outros possíveis, a partir de experiências cujos movimentos culminam
em travessia, com atenção aos relevos e linhas, mas também aos horizontes, erosões
e brevidades, no anseio de depreender - por entre tais fendas – uma experiência
literária.
Tais linhas são experimentações com nuances múltiplas, por
conseguinte, de um povo que não cessa de vir e partilhar seus afetos, em reiterado
processo de encontros, desencontros e evasão. Sim, essas são escritas que se
movem, delineando pequenas cartografias, com amizade pelo que excede os limites
do interrompido e do ininterrupto. E neste norte, numa circularidade sem fim, feito
animal errante, dobra os extremos de outra terra, no vislumbre de outra, e de
outra: com todo furor, nos laços do imprevisível.
E nessa rotação se alastram, por vezes para além da literatura, indissociáveis
de uma força através da qual a experiência do escrever se compraz num regozijo,
cujas possibilidades – as mais furtivas – oscilam entre abertura e devir.
«LIÇÕES DE CONTINENTE» são lances e rasuras no limiar da
experiência do escrever. É um projeto inspirado no «espaço literário» da
escritora Maria Lúcia Medeiros (1942-2005), para quem a escrita significa o
furor («a língua estranha»), que rompe fronteiras, diluindo identidades, em
favor de um «horizonte». Consistem em experimentações, no círculo das escritas
mais heterogêneas, modeladas em pequenas publicações: plaquetes e outros
objetos, sempre com autores contemporâneos. É organizado por Nilson Oliveira,
com desenhos de Francisco dos Santos, em parceria com a Lumme Editor & apoio
da Mezanino Editorial.
E teve na sua primeira edição (maio de 2021) os poetas Izabela Leal,
Rodrigo Briveira, Ramon Cardeal, Isadora Salazar, Felipe Cruz, Maurício Borba,
Maria Lúcia Medeiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário